quinta-feira, 25 de setembro de 2008

smile

Uma das idiossincrasias mais fantásticas do jazz é a sua capacidade de, por melodias perfeitas, tratamudear (ou dizer com toda a minúcia das sílabas) as palavras de que todos temos carência de escutar e, não raras vezes, pudor de assumir. Lembro-me de aprender isso, primeiro com os instrumentais de Coltrane (esse espasmo inicial) e, mais tarde, sobretudo com Ella, de quem ainda hoje recebo sempre com semblante extasiado um Things are lookin' up.
Hoje, num final de tarde agradavelmente solarengo, cruzei-me, como se de um primeiro contacto se tratasse, com umas das singularidades maiores do jazz contemporâneo no que ao female vocal diz respeito, o mais belo albúm de Madeleine Peyroux, 'Half the Perfect World'. E palavras como as que a norte-americana declama em Smile não poderiam ter vindo em melhor altura - Smile, though your heart is aching, smile, even though is breaking, when there are clouds in the sky, you get by, if you smile trough your fear and sorrow, smile, and maybe tomorrow, you'll see the sun come shining through for you.
E, de facto, I'll find that life is still worthwhile.

1 comentário:

Sorrisos em Alta disse...

Um grande smile para ti também!