domingo, 21 de setembro de 2008

Correspondência para o Norte


" O Inverno passou há meses, está sol e calor sempre, e a realidade passou a ser a de um Porto árido e inóspito diluído da identidade que eu concebia, sobram as memórias quasi alucinadas do que era...e sobram claro os sítios e respectivas pessoas que permanecem invariavelmente da mutabilidade ambiental dos sítios. Lisboa, a minha cidade, e o sul, têm uma identidade completamente diferente. Cá está sempre calor e sol mesmo que não esteja, é uma espécie de terminal para onde flúi e estagna tudo, é o terminal das linhas de comboio, a decadência arqueológica industrial…um cenário muito gráfico da degradação emocional da melancolia, e uma pessoa instala-se na impessoalidade. Cá o ritual do café é mais uma deambulação que um aconchego, e quando sair aqui do PC, vou descer os 4 andares do meu prédio arte-decó à Estado Novo, andar por entre ruas com prédios monolíticos à Estado Novo, com o tecnocrata cigarro, e transitar indiferentemente depois para as mourarias e alfamas onde eléctricos amarelos dobram esquinas a chiar - definitivamente isto não é o Porto, o norte...lembram-se do «Degredo do Sul» ? "



tempo...





" tens de fazer as pazes com a tua cidade de luz branca. o porto é um novelo romântico, lúgubre mas doentio.... "

e novamente o tempo...

5 comentários:

telma disse...

o porto é a cidade mais bonita de portugal :D

estás na Nova a tirar o que? ^^ *

SpetzNatz disse...

ciencia politica & relações internacionais...mmh e quem és ?

Maria disse...

Spetznatz, essa pergunta era para mim.

Alexandre Fonseca disse...

pois campanhã.
um blogue todo catita que aqui tendes.

Vasco disse...

Permite-me que partilhe este meu poema


O meu país não rima com Paris,
entre as ruas de Lisboa
o Tejo amolece quando vejo
quando me esqueço da lição existencial
que o Douro me dava quando evaporado pairava
observando a cidade como um Pai.

Se não fosse esse frio que entranha
até à mais profunda das nossas entranhas
que mais poderia ser igual para todos como um Deus?
Se não fosse esse frio que nos guia despertando
ate o mais reconditamente adormecido dos nosso sonos
que mais poderia ser propulsor como um Deus?

Quando é cortado
de vez o cordão umbilical
é como se a nossa terra sangrasse
o filho que perdera
esvaído entre a corrente
que o comboio secreta
indiferente como um coveiro.

Deus é a fonte da luz da revelação
Se Portugal é quem sou como infante
então jogo-me às feras soldados de areia.
E se um dia desaparecer entre a bruma
Sabei que, se Portugal foi o motivo,
O Douro foi a boca
e eu fui as Palavras.