Ela sabia que esta era a decisão correcta. Pensara nisso durante os últimos meses de Verão, estranhamente confiante. Nunca fora de tomar uma decisão de ânimo leve, por isso, quando assumia as suas resoluções, raramente voltava atrás. Pesava os plus e os extras, discernia os handicaps com a clareza que lhe era característica. Sabia quase sempre o que queria fazer, e dizia-o. "Não, eu preciso de fazer isto." Mas claro que como todas as maiores ou mais pequenas mudanças, a hesitação e o medo tomavam conta de si, e ao ler Wallace naquela noite, nunca o pensara tão veraz - "embora houvesse qualidades à superfície, existiam também defeitos escondidos ou certas lacunas, disso não havia dúvida, especialmente quando se pensa em tal às três horas da madrugada". E ria-se com a ironia dos clássicos, com a acutilância dos mestres.
Sabia que tinha que o continuar a fazer. Não tinha mais nada. A mais pura das verdades humanas, mas a mais cruel das realidades. Por momentos pensou que não acreditar num deus, num homem, numa mulher, num político, num artista, e acreditar apenas que mais não pode ser que um mosaico metafisicamente talhado, não era assim tão fácil de levar.
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