Esquerda, direita. Esquerda, direita. Lá andam eles mais uma vez. Os livros. Passeam-se mais uma vez os livros, como ornamento bonito de se exibir. Viajam para cá e para lá nas mãos e regaços dos transeuntes. Mas raros são os discretos, mais costumeiros os portentosos. Grandes e imponentes pedaços de pasta de papel compactada de títulos sonantes. Olho em frente e uma mulher dos seus 30 anos enverga um José Rodrigues dos Santos, com o orgulho de um Joyce, desfolhando as páginas de letras gordas e espaçadas com as suas trabalhadas unhas de gel. Ao lado, a antítese, como que uma defesa da verdadeira literatura perante essas odiosas cópias. Um distinto senhor percorre as últimas linhas de um A Viagem do Elefante, com o afagado semblante daquele que termina uma leitura. É curioso como podemos fazer um reconhecimento por um livro. No fundo, haverá algo mais revelador do que aqueles que escolhemos por nossa companhia? Penso no Cervantes que tenho na mala, também ele parece querer-me dar conversa.
7 comentários:
"I could make a career of being blue, I could dress in black and read Camus"
hahaha...vê-se ao pontapé pela faculdade
deliciosamente bem escrito.
Ahaha César, na muche!
Esse verso é parecido a um de Magnetic Fields - 'I could dress in black and read Camus, smoke clove cigarettes and drink vermouth, like i was seventeen'
Paulo Coelho, Margarida Rebelo Pinto e livros de auto-ajuda... Os meus favoritos em viagens pelos transportes públicos. E a Maria e a Nova Gente.
E não esquecer que a capa tem que estar à vista.
sim, eu tentei lembrar-me dele...mas já era tarde
Realmente não há melhor cartão de identidade... eu às vezes no metro, quando calha sentar-se ao meu lado um leitor, seja de que nível for, não resisto a ler umas linhas e tentar imaginar o que lhe vai na cabeça naquele momento :P
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