segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

não estar

Começara a ver tudo com a distância dos renegados. Passeava pelos outros como puro espectro e sombra desfocada. Não conseguia erguer aqueles olhos mártires, baços, envidraçados pela indiferença. Nos sons e nas palavras só via futilidade e estúpidas redundâncias, substâncias ocas de esforços inúteis pelo mais ínfimo sentido das coisas. Olhava com o desdém da clareza e com a dureza da solidão. Desaprendera os hábitos, os gestos e os olhares. Sabia-se simples nome, simples injunção de consoantes e vogais. Injunção essa fácil de esquecer e de apagar pela imposição da ausência. Inexistente; porque sob o peso da ausência sabia-se verdadeiramente ninguém.

5 comentários:

Francisco disse...

Os posts feitos depois da uma da manhã são sempre interessantes.

SpetzNatz disse...

são os melhores

David R. de Castro Garrett disse...

Eu é mais bolos.

R.L. disse...

spetznatz daqui a colega estrategista q apareceu na fcsh :)

SpetzNatz disse...

hahaha Roger, Out!