Com um arranque a puxar para o electrónico com o single Machine Gun, Third presenteia-nos com uma interessante polifonia em que o eclectismo é pedra de toque. Consta que era essa a intenção, como confessou recentemente a vocalista da banda, e de facto, a evolução e transformação na continuidade reveste todo o albúm. A abrir com uns ritmos de bossa e uns trauteares brazilectos em "Silence", segue-se um delicioso "Hunter", talvez um dos grandes ex-libris de Third, a trazer à lembrança dos mais saudosistas "Glory Box". Outro ponto alto é certamente "Small" que conjuga o ondear dos violoncelos com os sons sintetizadores característicos do trip-hop.
Para além das sonoridades sempre pouco previsíveis, ouvir Beth Gibbons a declamar a angústia como ninguém - I can't deny what I've become / I'm just emotionally undone / I can't deny I can't be someone else (em "Magic Doors") - ou ainda - I'm worn, tired of my mind / I'm worn out, thinking of why I’m always so unsure (fechando com chave de ouro com "Threads") é, no mínimo, um chegar ao nosso âmago.
Possivelmente O albúm de 2008, até ao momento, rivalizando talvez apenas com Dig, Lazarus, Dig!!!, Devotion, Lookout Mountain, Lookout Sea e The Hungry Saw. Até porque não é qualquer um que tem frieza suficiente para assumir: I’m drifting in deep water / Alone with my self-doubting, again / Try not to struggle this time / For I will weather the storm (Deep Water).
3 comentários:
concordo!
n gostei quando ouvi a primeira vez, talvez pq acho q tava c medo de n gostar. já tinha bilhete comprado e tudo, q aconteceria se o novo album n prestasse?... era um bcd mau.
mas insisti. e tb o coloco ao lado do dig, lazarus, dig como O álbum deste ano, juntamente c + uns quantos.
Um álbum mais difícil e ruidoso do que os seus antecessores, em que não é com a primeira audição que se compreende, caso para dizer "Primeiro estranha-se, depois entranha-se".
Tem um som único e genial, enfim uma obra prima... Para quem pensava que a musica se estava a esgotar e a chegar a um beco sem saída aqui está a prova do contrário.
Pedro
Já há muito que está entranhado. Os Portishead são o exemplo de que é preferível dar uma gestação mais longa à obra e fazer que nasça algo de interessante a produzir discos fracos com maior frequência. As minhas favoritas são "The Rip" e "Nylon Smile". Também concordo contigo, é um dos álbuns deste ano. :)
Enviar um comentário