sábado, 26 de abril de 2008

I Sartre

Porque até tem piada - Quiz Farm

A mim deu-me isto.

Existencialism - Your life is guided by the concept of Existentialism: You choose the meaning and purpose of your life. “Man is condemned to be free; because once thrown into the world, he is responsible for everything he does.” “It is up to you to give [life] a meaning.” Jean-Paul Sartre “It is man's natural sickness to believe that he possesses the Truth.” Blaise Pascal

Existentialism
90%
Kantianism
70%
Justice (Fairness)
60%
Hedonism
50%
Strong Egoism
50%
Utilitarianism
50%
Nihilism
45%
Apathy
10%
Divine Command
0%

quarta-feira, 23 de abril de 2008

O homem sem qualidades

Foi capa do último Ipsílon e, corroboro-o, muito merecidamente. A sinopse em tom de crítica (salve não entregue na íntegra àquela amostra de saber num grau pseudo elevado ao cubo da Alexandra Lucas Coelho) aguçou o desejo, e o aval de nomes como Kundera, Camus ou Kraus moveram-me ao El Corte para comprar a mais recente tradução para a língua portuguesa, pela Dom Quixote, d' O Homem Sem Qualidades de Robert Musil. Um calhamaço gigante com títulos sugestivos para cada capítulo, seguido de um segundo tomo também ele volumosamente avantajado, em que o desarme humano é uma constante, nomeadamente mediante pérolas literário-existencialistas, como esta:

E como a posse de qualidades pressupõe uma certa alegria pela sua realidade, é legítimo prever que alguém a quem falte o sentido de realidade até em relação a si próprio possa um belo dia, sem saber como, encarar-se como um homem sem qualidades.

E porque as qualidades não nos pertecem, mas nós é que a elas pertencemos, aqui fica uma sugestão, para momentos de pura fruição e deleite ataráxico.

quinta-feira, 17 de abril de 2008

terça-feira, 15 de abril de 2008

A fragilidade da natureza humana

Confusion in her eyes that says it all, she's lost control. Ouvir isto em repeat pode corresponder à transcendência do espírtio para uma experiência sofredora e martirizadora. Ou ouvir a voz em surdina de Jim Morrison a sussurrar the blue bus is calling us. Recentemente concluí que mais do que escapes para o acomodar ao pain, versos belamente escritos como estes, podem atingir um poder diferente, e surpreendente. Talvez possa ser um tanto ou quanto arrogante, mas arrisco a dizer que o entranhar de inúmeros versos como os que hoje aqui recordo, mais não são do que a possibilidade de comunhão humana.
A fragilidade, o desespero, a desordem são intemporais e inevitáveis, mas, talvez, para além de nas manifestações artísticas podermos perceber a transversalidade da angústia existencial humana, possamos igualmente encontrar o escape. Se a literatura, a música, as artes mais tradicionais como a pintura ou a escultura, nos deixam a nossa frágil natureza a cru, por outro lado, o sentimento de união transversal e do prosaico "ah afinal não só sou eu que sinto/penso isto", fica manifesto. E maior redenção que esta, creio, não poder existir.
Esta semana, a minha redenção ressurgir-me sob a forma do The Greatest, de alguns contos negros de Edgar Allen Poe e da Retórica de Aristóteles. Ainda que esta última não tenha sido uma escolha espontânea, a verdade é que, a conclusão a que chego é que, mais do que um ensaio filosófico sobre as directrizes da arte do proferimento do discurso, esta é uma obra que descontrói a natureza humana, nas suas melhores e piores valências. É irónico e curioso. Aqui fica uma deixa, à la prostituta da Mensa.

Os seres humanos encolerizam-se quando sentem tristeza, pois quem sente amargura é porque deseja alguma coisa. O ser humano encoleriza-se, se alguém se opuser à sua acção ou se alguém não colaborar com ele, ou se, de alguma forma, alguém o perturbar quando está em tal estado. Eis a razão pela qual os enfermos, os pobres, os que estão em guerra, os amantes, os que têm sede e, em geral, os que desejam ardentemente alguma coisa e não a satisfazem são iracundos e facilmente irritáveis, sobretudo contra aqueles que menosprezam a sua situação. O doente encoleriza-se contra os que desprezam a sua doença, o pobre contra os que são indiferentes à sua pobreza, o soldado contra os que subestimam a sua guerra, o apaixonado contra os que desdenham do seu amor; e além destes casos, todos os outros em que se atente contra os nossos desejos. Na verdade, cada pessoa abre caminho à sua própria ira, vítima da paixão que a possui.

quinta-feira, 10 de abril de 2008

Momentum

Numa apologia às músicas de viragem. Aimee Mann, com Momentum.


terça-feira, 8 de abril de 2008

Ligeia

Eis aí a vontade que não morre. Quem conhece os mistérios da vontade em todo o seu vigor? Pois Deus mais não é do que uma imensa vontade que penetra todas as coisas pela natureza do seu esforço aplicado. O homem não se rende aos anjos, nem à morte se rende inteiramente, a não ser pela fraqueza da sua débil vontade.

Joseph Glanvill

segunda-feira, 7 de abril de 2008

Do Surrealismo do Êxtase


A acompanhar a fotografia de Man Ray, Le Baiser, um pequeno excerto do Manifesto do Surrealismo, de André Breton.

Tant va la croyance à la vie, à ce que la vie a de plus précaire, la vie réelle s’entend, qu’à la fin cette croyance se perd. L’homme, ce rêveur définitif, de jour en jour plus mécontent de son sort, fait avec peine le tour des objets dont il a été amené à faire usage, et que lui a livrés sa nonchalance, ou son effort, son effort presque toujours, car il a consenti à travailler, tout au moins il n’a pas répugné à jouer sa chance (ce qu’il appelle sa chance !). Une grande modestie est à présent son partage : il sait quelles femmes il a eues, dans quelles aventures risibles il a trempé ; sa richesse ou sa pauvreté ne lui est de rien, il reste à cet égard l’enfant qui vient de naître et, quant à l’approbation de sa conscience morale, j’admets qu’il s’en passe aisément. S’il garde quelque lucidité, il ne peut que se retourner alors vers son enfance qui, pour massacrée qu’elle ait été par le soin des dresseurs, ne lui en semble pas moins pleine de charmes. Là, l’absence de toute rigueur connue lui laisse la perspective de plusieurs vies menées à la fois ; il s’enracine dans cette illusion ; il ne veut plus connaître que la facilité momentanée, extrême, de toutes choses. Chaque matin, des enfants partent sans inquiétude. Tout est près, les pires conditions matérielles sont excellentes. Les bois sont blancs ou noirs, on ne dormira jamais.

Mais il est vrai qu’on ne saurait aller si loin, il ne s’agit pas seulement de la distance. Les menaces s’accumulent, on cède, on abandonne une part du terrain à conquérir. Cette imagination qui n’admettait pas de bornes, on ne lui permet plus de s’exercer que selon les lois d’une utilité arbitraire ; elle est incapable d’assumer longtemps ce rôle inférieur et, aux environs de la vingtième année, préfère, en général, abandonner l’homme à son destin sans lumière.

Qu’il essaie plus tard, de-ci de-là, de se reprendre, ayant senti lui manquer peu à peu toutes raisons de vivre, incapable qu’il est devenu de se trouver à la hauteur d’une situation exceptionnelle telle que l’amour, il n’y parviendra guère. C’est qu’il appartient désormais corps et âme à une impérieuse nécessité pratique, qui ne souffre pas qu’on la perde de vue. Tous ses gestes manqueront d’ampleur, toutes ses idées, d’envergure. Il ne se représentera, de ce qui lui arrive et peut lui arriver, que ce qui relie cet événement à une foule d’événements semblables, événements auxquels il n’a pas pris part, événements manqués. Que dis-je, il en jugera par rapport à un de ces événements, plus rassurant dans ses conséquences que les autres. Il n’y verra, sous aucun prétexte, son salut.

Chère imagination, ce que j’aime surtout en toi, c’est que tu ne pardonnes pas.

domingo, 6 de abril de 2008

Joan Baez's Tears of Rage

Se o universo dos singers-songwriters em emergência se nos tem afigurado, ao longo, pelo menos, do anos 90 e 2000, como técnica e, igualmente, nos termos da sensibilidade, rico, e aqui volto a fazer referência a nomes como Josh Rouse, Ryan Adams, Elliott Smith, evidentemente Jeff Buckley e, mais recentemente Patrick Watson, não descurando as composições no feminino, nomeadamente Feist, Cat Power, Aimee Mann, e, roçando as fronteiras convencionais, Marissa Nadler, Jana Hunter, Sibylle Baier ou Joanna Newsom, hoje pretendo invocar o berço de toda esta profusão de genialidade efervescente. Para tal, é fulcral remetermo-nos não somente para os anos 80, em que nomes, como Kate Bush ou até mesmo Tori Amos se mostraram fundamentais para a progressão do género, ou para os 70s de Young e Cohen, mas sobretudo para o Folk dos anos 60 - por excelência berço do mundo do "cantautor". E aqui refiro-me essencialmente a cinco grandes nomes: Dylan, Cash, Baez, Janis e Mitchell.
Se estes cinco nomes funcionam perfeitamente a sólo, quando em conjunto, a fasquia aumenta consideravelmente. E se, com efeito, o envolvimento romântico de Joan Baez e Dylan contribui, especialmente, para a ascenção ao estrelato do Mr. Bojangles, o legado que ambos têm deixado no âmbito da história da música popular folk - do qual destaco Any Way Now, albúm em que Baez canta Dylan - vai muito além de uma união de dois espíritos jovens, revolucionários e com a pretensão de mudar o mundo. Talvez a comunhão de Dylan e Baez se alastre a todos aqueles que igualmente, de quando em quando, sucumbam a algumas "Tears of Rage".

Bande À Part

sábado, 5 de abril de 2008

Never For Ever


Just look at your father and you'll see
How you took after him.
Me, I´m just another
Like my brothers
Of my mothers genes.

All they ever want for you
Are the things they didnt do.
All they ever wanted--a little clue.
All they ever wanted--the Truth.
All they ever wanted--a little bit of you.
All they ever wanted,
But they never did get.

The whims that were weeping for
Our parents would be beaten for
Leave the breast
And then the rest
And then regret you ever left.

All were ever looking for
Is another open door.
All we ever look for--another womb.
All we ever look for--our own tomb.
All we ever look for--ooh, la lune.
All we ever look for--a little bit of you, too.
All we ever look for,
But we never do score.

All we ever look for--a God.
All we ever look for--ooh, a drug.
All we ever look for--a great big hug.
All we ever look for--a little bit of you.
All we ever look for--a little bit of you, too.
All we ever look for,
But we never do score.


"All we ever look for" - Kate Bush

quinta-feira, 3 de abril de 2008

Chocolate ácido

Ao falarmos das contemporâneas formas de jazz - e aqui invoco nomeadamente o acid e o nu jazz - é incontornável a referência a nomes como Nicola Conte (que passará este sábado pelo Bairro Alto), Jazzanova, Koop ou The Cinematic Orchestra, que, muito devido às belíssimas compilações de Saint-Germain de Près-Café nos têm ao longo dos últimos anos dado a conhecer os nomes do jazz lounge electrónico. E se há nomes que, como estes, são já sobejamente conhecidos para os apreciadores do género (e aqui poderíamos mesmo chegar ao limite de questionar se os franceses Air se podem enquadrar nesta vanguarda do jazz, como será abordado num post posterior) outros há que têm permanecido algo na penumbra, não obstante a sua qualidade amplamente defendida pela crítica internacional e até mesmo pela inclusivé passagem no nosso país no final de 2006 (julgo). Falamos dos De Phazz - abreviatura de Destination Phuture Jazz - grupo alemão, numa menção a um dos seus melhores albúns, Death By Chocolate, de 2001, no qual, para além de jogarem com os ritmos quase downtempo do lounge, recorrem de forma elegante às sonoridades latinas e até mesmo ao trip-hop.


Like a rolling stone

Em plena vigência da ditatura da doxa, em que todo aquele que não tem uma opinião formada sobre tudo é tido como culturalmente desinteressante ou socialmente alienado, em que a divergência e plurifonia de vozes parece ser a marca da identidade sólida, em que um certo pudor ou falsidade chega a revestir as ideias supostamente próprias, à luz, mais popularmente de Dylan, e face ao confronto com, novamente, palavras de Platão (ainda hoje me interrogo porque raio o JC tem uma legião de fãs que oscila entre os magnatas e os paupérrimos, quando plagia muitos dos princípios platónicos, e de forma descarada) só o lembrete de que somos simples, vãs e podres rolling stones.


É que na situação em que nos encontramos hoje, é uma vergonha supormos que valemos alguma coisa, quando estamos sempre a mudar de opinião, mesmo em relação aos assuntos mais importantes, tão grande é a nossa ignorância.