Foi capa do último Ipsílon e, corroboro-o, muito merecidamente. A sinopse em tom de crítica (salve não entregue na íntegra àquela amostra de saber num grau pseudo elevado ao cubo da Alexandra Lucas Coelho) aguçou o desejo, e o aval de nomes como Kundera, Camus ou Kraus moveram-me ao El Corte para comprar a mais recente tradução para a língua portuguesa, pela Dom Quixote, d' O Homem Sem Qualidades de Robert Musil. Um calhamaço gigante com títulos sugestivos para cada capítulo, seguido de um segundo tomo também ele volumosamente avantajado, em que o desarme humano é uma constante, nomeadamente mediante pérolas literário-existencialistas, como esta:
E como a posse de qualidades pressupõe uma certa alegria pela sua realidade, é legítimo prever que alguém a quem falte o sentido de realidade até em relação a si próprio possa um belo dia, sem saber como, encarar-se como um homem sem qualidades.
E porque as qualidades não nos pertecem, mas nós é que a elas pertencemos, aqui fica uma sugestão, para momentos de pura fruição e deleite ataráxico.
E como a posse de qualidades pressupõe uma certa alegria pela sua realidade, é legítimo prever que alguém a quem falte o sentido de realidade até em relação a si próprio possa um belo dia, sem saber como, encarar-se como um homem sem qualidades.
E porque as qualidades não nos pertecem, mas nós é que a elas pertencemos, aqui fica uma sugestão, para momentos de pura fruição e deleite ataráxico.
1 comentário:
Adorei o post. Mas eu gosto de todos os posts que acabam com "deleite ataráxico". Manias, o que é que querem?
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