terça-feira, 15 de abril de 2008

A fragilidade da natureza humana

Confusion in her eyes that says it all, she's lost control. Ouvir isto em repeat pode corresponder à transcendência do espírtio para uma experiência sofredora e martirizadora. Ou ouvir a voz em surdina de Jim Morrison a sussurrar the blue bus is calling us. Recentemente concluí que mais do que escapes para o acomodar ao pain, versos belamente escritos como estes, podem atingir um poder diferente, e surpreendente. Talvez possa ser um tanto ou quanto arrogante, mas arrisco a dizer que o entranhar de inúmeros versos como os que hoje aqui recordo, mais não são do que a possibilidade de comunhão humana.
A fragilidade, o desespero, a desordem são intemporais e inevitáveis, mas, talvez, para além de nas manifestações artísticas podermos perceber a transversalidade da angústia existencial humana, possamos igualmente encontrar o escape. Se a literatura, a música, as artes mais tradicionais como a pintura ou a escultura, nos deixam a nossa frágil natureza a cru, por outro lado, o sentimento de união transversal e do prosaico "ah afinal não só sou eu que sinto/penso isto", fica manifesto. E maior redenção que esta, creio, não poder existir.
Esta semana, a minha redenção ressurgir-me sob a forma do The Greatest, de alguns contos negros de Edgar Allen Poe e da Retórica de Aristóteles. Ainda que esta última não tenha sido uma escolha espontânea, a verdade é que, a conclusão a que chego é que, mais do que um ensaio filosófico sobre as directrizes da arte do proferimento do discurso, esta é uma obra que descontrói a natureza humana, nas suas melhores e piores valências. É irónico e curioso. Aqui fica uma deixa, à la prostituta da Mensa.

Os seres humanos encolerizam-se quando sentem tristeza, pois quem sente amargura é porque deseja alguma coisa. O ser humano encoleriza-se, se alguém se opuser à sua acção ou se alguém não colaborar com ele, ou se, de alguma forma, alguém o perturbar quando está em tal estado. Eis a razão pela qual os enfermos, os pobres, os que estão em guerra, os amantes, os que têm sede e, em geral, os que desejam ardentemente alguma coisa e não a satisfazem são iracundos e facilmente irritáveis, sobretudo contra aqueles que menosprezam a sua situação. O doente encoleriza-se contra os que desprezam a sua doença, o pobre contra os que são indiferentes à sua pobreza, o soldado contra os que subestimam a sua guerra, o apaixonado contra os que desdenham do seu amor; e além destes casos, todos os outros em que se atente contra os nossos desejos. Na verdade, cada pessoa abre caminho à sua própria ira, vítima da paixão que a possui.

6 comentários:

Francisco disse...

ficou tudo sem palavras

Maria del Sol disse...

O "The Greatest" é mesmo um disco redentor. Agora que finalmente comprei o bilhete para o concerto tem andado em repeat nos meus ouvidos. :)

Anónimo disse...

Escreves umas merdas, escreves...

Anónimo disse...

Ah, a Retórica, a Retórica...!
Enfim, gosto sempre muito mais dos teus escritos originais! =) *

paulocosta disse...

Quando insere o código html dos youtubes há lá dois valores 425. Reduza-os para 410 (por exemplo) e no blogue as janelas não aparecerão cortadas como está a acontecer com os seus (veja na margem direita a palavra youtube cortada).
...gostei do blogue. Talvez linque esta coisa.

LM,paris disse...

Bonjour, Hello,
por causa do Bartleby, o escriba do silêncio" je préfère non pas"...
e agora o café Müller, choque em Paris em 1978!I'm an old choreographer , but I still dance!
um dos meus amores e alguma discodia com o José Gil...trop d'émotion.
passei pelo blog de S; e agora vim sem guarda-chuva, mesmo quando tenho nao uso. adoro la page de garde!
abraço de paris, volto. LM