quinta-feira, 20 de março de 2008

Da actualidade da verdadeira arte


Ao lançarmos um breve olhar sobre a mais conhecida e polémica arte do século passado, nomeadamente a pintura, é inevitável não recordarmos o nome de Frida. Com uma história pessoal repleta de pontuais momentos volt-face marcantes, impregnes de sofrimento, este, que de uma forma, quer física, quer emocional, ou até socio-política marcou toda a sua vida, hoje, pretendo aqui não fazer uma apologia da sua conturbada existência – ela que disse que se tivesse a oportunidade de viver novamente, não o queria, e que sempre encarou a partida como um trajecto mais alegre que a vida [I hope the departue is joyful and I hope never to return] – mas simplesmente uma referência à contemporaneidade que a sua obra ainda revela, não obstante os temas vincadamente datados a que amiúde, à guisa de Diego, dedicou a sua pintura.

Por ora, aqui fica o Auto-Retrato na Fronteira entre o México e os EUA de 1932 que traduz a antinomia entre dois países, duas histórias e dois modelos sociais. E se aqui a dicotomia de Frida é entre México e EUA, pelas razões sobejamente conhecidas, talvez possamos rever nesta obra uma marca da oposição que ainda hoje, e talvez sempre, cunhará as sociedades humanas, pelas suas diferenças estruturais e culturais. Posto isto, a questão que aqui hoje deixo é a seguinte: preferimos a tradição histórica, a cultura, a lembrança dos primórdios da civilização, a marca da própria terra ou pomos tudo isto em risco à conta da evolução industrial, do avanço desenfreado tecnológico e da demanda pelo graal de Wall Street? A resposta parece-me clara, ainda que claramente angustiante.

3 comentários:

Anónimo disse...

Ao que parece, foi Frida que inspirou Chris Martin e companhia a conseguirem apresentar um novo álbum tão bom quanto os anteriores. Diz que o título, "Viva La Vida" (que, btw, não soa nada bem), estava escarrapachada num quadro que Frida tinha em casa...

Maria disse...

A ver vamos se o albúm corresponde pelo menos ao A Rush of Blood... Mas depois de meses a repensarem títulos, podiam ter escolhido um melhor, porque este, por muito Fridiano que seja (embora, digo, não mo pareça nada coisa dela) é foleiro.

pegueitrinquei disse...

Grande reflexão para um final de tarde... Adoro Frida e quantas vezes me interrogo sobre essas mesmas questões que colocas.

Gostei do blog e obg pla visita!