A palavra, enquanto encadeamento aparentemente aleatório de letras disperas, é o modo por excelência de organização do mundo. Não é sistema binário, puramente virtual, definido de uma vez para sempre, fiel a um só sentido. A palavra é plurívoca, aberta sempre ao não-dito, impregne de implicações, de temores, de seguranças, de fascínios, de delírios. Por isso mesmo, é sempre singular o momento da expressão, como que momento que se institui no espaço e no tempo, para o marcar de forma indelével. A expressão constitui-se acontecimento, tanto para aquele que diz, como para aquele que, recebendo, sofre o seu efeito e aceita a passagem do testemunho. A expressão instaura a retroacção, mas, sobretudo, a reciprocidade. É o momento do eu e do outro, do eu e do tu. A expressão é o acontecimento do nós.
1 comentário:
As palavras que nos traem, que nos enganam, que nos ferem, que ficam quase sempre aquém do que delas queremos, porque, como dizes são "a expressão do nós" - e o eu sofre sempre a ânsia de corresponder às expectativas do outro.
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