Em repeat há mais de um mês, o novo disco de Andrew Bird é absolutamente uma adicção. A perfeição atinge os seus picos no tema de abertura Oh No, e nos ainda preâmbulares Fitz & Dizzyspells Effigy e Tenuousness, e enumerar estas faixas é já tarefa reducionista e ingrata. Uma agradável e sempre melhor surpresa.
terça-feira, 24 de fevereiro de 2009
segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009
o que é a civilização?
'Isto ajudara Diotima a descobrir em si a conhecida doença do homem contemporâneo, a que se chama civilização. É uma condição frustrante, cheia de sabão, ondas hertzianas, a excessiva linguagem cifrada das matemáticas e da química, a economia política, a investigação experimental e a incapacidade de convivência simples mas elevada entre os homens. E também as relações da nobreza de espírito, que ela conhecia, com a nobreza social, que exigiam a Diotima grande prudência e, apesar de alguns êxitos, lhe traziam grandes decepções, pareciam-lhe cada vez mais características não de uma época de cultura mas de um tempo de mera civilização. A civilização era, assim, tudo o que o seu espírito se sentia incapaz de controlar.'
Robert Musil in O homem sem qualidades
sábado, 21 de fevereiro de 2009
díptico
As dubiedades inerentes à maior parte (senão totalidade) das situações com as quais nos cruzamos nem sempre é por nós encarada da melhor forma, especialmente porque perante duplos sentidos nos percebemos confusos, desconfortáveis ou a um pequeno passo daquilo que podia ser perfeito. Ora a verdade, porém, é que é nas duplas valências que a perfeição se revela e que aquilo que nos basta, basta por si mesmo. Na inteireza. Blonde Redhead, nos dois temas de que mais gosto, a dar o mote para o díptico.
segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009
sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009
a propósito de "palavras"
- Não podemos escrever a nossa própria morte.
Foi o psiquiatra que me disse isto e eu estou de acordo com ele porque, quando estamos mortos, não podemos escrever. Mas, para mim, penso que posso escrever o que quiser, mesmo que seja impossível e mesmo que não seja verdade.
Em geral contento-me em escrever na minha cabeça. É mais fácil. Na cabeça, tudo se desenrola sem dificuldades. Mas, assim que escrevemos, os pensamentos transformam-se, deformam-se, e tudo se torna falso. Por causa das palavras.
Escrevo por todo o lado em passo. Escrevo a caminhar para o autocarro, no vestiário dos homens, defronte da máquina.
O aborrecido é que não escrevo o que deveria escrever, eu escrevo tudo e mais alguma coisa, coisas que ninguém pode compreender e que eu próprio não compreendo. À noite, quando copio o que escrevi na minha cabeça ao longo do dia, pergunto-me porque escrevi aquilo. Para quem e porque motivo.
de "Ontem", Agotha Kristof
Foi o psiquiatra que me disse isto e eu estou de acordo com ele porque, quando estamos mortos, não podemos escrever. Mas, para mim, penso que posso escrever o que quiser, mesmo que seja impossível e mesmo que não seja verdade.
Em geral contento-me em escrever na minha cabeça. É mais fácil. Na cabeça, tudo se desenrola sem dificuldades. Mas, assim que escrevemos, os pensamentos transformam-se, deformam-se, e tudo se torna falso. Por causa das palavras.
Escrevo por todo o lado em passo. Escrevo a caminhar para o autocarro, no vestiário dos homens, defronte da máquina.
O aborrecido é que não escrevo o que deveria escrever, eu escrevo tudo e mais alguma coisa, coisas que ninguém pode compreender e que eu próprio não compreendo. À noite, quando copio o que escrevi na minha cabeça ao longo do dia, pergunto-me porque escrevi aquilo. Para quem e porque motivo.
de "Ontem", Agotha Kristof
quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009
palavra aberta
A palavra, enquanto encadeamento aparentemente aleatório de letras disperas, é o modo por excelência de organização do mundo. Não é sistema binário, puramente virtual, definido de uma vez para sempre, fiel a um só sentido. A palavra é plurívoca, aberta sempre ao não-dito, impregne de implicações, de temores, de seguranças, de fascínios, de delírios. Por isso mesmo, é sempre singular o momento da expressão, como que momento que se institui no espaço e no tempo, para o marcar de forma indelével. A expressão constitui-se acontecimento, tanto para aquele que diz, como para aquele que, recebendo, sofre o seu efeito e aceita a passagem do testemunho. A expressão instaura a retroacção, mas, sobretudo, a reciprocidade. É o momento do eu e do outro, do eu e do tu. A expressão é o acontecimento do nós.
segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009
sábado, 7 de fevereiro de 2009
preludiar
Prelúdio - acto ou exercício preliminar, introdução; prólogo, preâmbulo; o que precede, o que anuncia; indício de uma coisa que vai acontecer.
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