domingo, 31 de agosto de 2008

At Mount Zoomer!


Os canadianos Wolf Parade estão de volta com o seu segundo longa duração At Mount Zoomer e desenganem-se aqueles que julgam que esta é mais uma compilação de caóticas canções indie rock difíceis de penetrar como tínhamos em Apologies To The Queen Mary de 2005.
Este parece ser um albúm mais coeso, que opta por uma linha mais sofisticada e minimalista, sem cair, contudo, na repetição ou numa minúcia meticulosamente exagerada. Vemo-lo por exemplo na faixa Language City (um dos ex-libris do albúm) em que os órgãos à anos 80 (estupidamente fizeram-me lembrar um piano do sapo Cocas que ainda passeia cá por casa) e o dedilhar do baixo põem a cabeça a mexer à primeira audição. Mas dizer que o paranoia weird tão característico dos Wolf Parade foi anulado, seria, no mínimo, um erro, ora não fossem os temas da morte, dos sonhos despedaçados ou dos empty rooms repetirem-se. Assim, basicamente, é no confronto de faixas como California Dreamer, The Grey Estates ou Fine Young Canibals que percebemos quem são os Wolf Parade - esses senhores do som indie canadiano moderadamente arrojado. E ao ouvirmos, por fim, Kissing The Beehive, concluímos que é do melhor.

Kissing The Beehive - Wolf Parade

sexta-feira, 29 de agosto de 2008

Não era, concretamente

Lovin
Kind - The Concretes



she needed lovin' in the morning
he kept asking her why
to be held and comfort
in her bravest time
instead he gave her a feeling
she should run n' hide
without knowing direction or cause
if you were my lovin' kind
you wouldn't ask me why
but your not my lovin' kind
you turn to her, you turn to me, you turn to her.
she woke up tired of runnin'
decided to stay all day
to seek comfort in herself
and when it's time for her awakenin'
she'll do it alone
without needing to say
direction or cause.
if you were my lovin' kind
you wouldn't ask me why
but your not my lovin' kind
you turn to her, you turn to me, you turn to her.
Estranho era aquele estado
De permanenete ser opáco,
Naquela manhã de Novembro.
No intercalar de passos, correndo,
O fulgor do vento sussurrava baixinho
‘Vai depressa que Ela está atrás de ti.’
Fugir como ladrão,
De taberna de terceira do bairro
Soubera eu que o que mais queria
Era ser apanhado.
O ar cortante como vidros estilhaçados
Flagelava a face já dorida
Empedernida, vazia de querer
E paulatinamente
Parava, naquele banco de rua, como tantas outras vezes
Mas agora sem reveses.
E via-a, soturna
Melancolicamente calma, olhando.
Não era negra, como a chamavam
Diz-se que depende de quem a contempla
Pois que se triste, mais me parecia terna.
E a paz... Aquele não doer e remoer
Ali estava imóvel, como que pacientemente
À espera do quando
Desse quando de que cobardemente fugia
Mas de que naquele dia, naquele lugar conhecido, percebia
Ser o momento que mais me pertencia.
E fui. Os joelhos tremendo de temor
Com receio de ela ser o negrume que se dizia.
Mais de perto voltei a olhá-la
Defronte.
E como pareceu que sempre conhecera
Aqueles ternos olhos bassos
Que me lembravam a inocência que perdera
E me mostravam que o nunca ter tido
Não era senão, o mais poder amar!
E parti, com a paz e conforto
Do nunca mais ter que sentir o não sentir
E a dor podre que o era ter.

Catherine Vesnais

quinta-feira, 28 de agosto de 2008

Arte Blasfema?

Obra exposta no Museion, Museu de Arte Contemporânea em Bolzano, Itália

Já desde as controversas caricaturas de Maomé que a questão se impõe - Arte ou Blasfémia? Até onde vão os limites da pretensa fé e até que ponto não estarão estes a perigar o carácter crítico vinculativo da Arte?

Bento XVI defende que a obra “é ofensiva para os cristãos que vêem na cruz o símbolo da salvação”. Mas, e que dizer dos inúmeros atentados que por mais diversos meios têm sido feitos ao longo da História às minorias religiosas e a comunidades menos populares no Ocidente? Cruzadas diz-vos alguma coisa? E Inquisição e Index, again? Não, obrigada.

domingo, 24 de agosto de 2008

Thing of the Future

E depois da notícia de ontem, fazem-se de novo as malas ao som das relíquias deste ano (e pensa-se que a Joan seria melhor escolha).




I want to see people

vs

Joan As Police Woman - Sigur Rós

9 de Novembro - 11 de Novembro

Centro Cultural Olga Cadaval - Campo Pequeno


E agora? A hipótese de ir aos dois está, infelizmente, de fora.

sábado, 23 de agosto de 2008

N.º2

Joseph Biden é a opção de Obama para a vice-presidência norte-americana, optando o candidato pela experiência de Biden nas Relações Internacionais.

sexta-feira, 22 de agosto de 2008

O mais brilhante dos meus diamantes



My Brightest Diamond - The Gentlest Gentleman

(Faixa não incluída no recente albúm A Thousand Shark's Theet)

quinta-feira, 21 de agosto de 2008

Wall-E


Este não é mais um filme de robôs na era pós-Homem para menino-ou-menina ver com um balde de pipocas. E, por isto:

1 - O cenário apocalíptico de uma "garbage Earth" num filme de animação chega a arrepiar. Desprovida de vida humana, a Terra é um grande terreno de gigantes arranha-céus feitos de latas, patinhos de borracha, soutiens e todo o refugo e tralha possíveis. A camada de pó e as tempestades de areia são a nova atmosfera.

2 - Feito o trabalho sujo, a Humanidade, ou os seus resquícios, vive numa nave espacial, em que a comunicação virtual e o sedentarismo são a ordem do dia. Controlados por máquinas, a quem cabem as mais simples tarefas, os homens são obesos, fúteis e desprovidos, à partida de qualquer iniciativa e autonomia.

3 - O poder resgatador que a amizade e o amor podem ter. E a bondade que, até mesmo um rôbo isolado de tudo há centenas de anos, consegue demonstrar.
A ver.

terça-feira, 19 de agosto de 2008

Made in Of Montreal


Kevin Barnes e companhia regressam ainda no final deste ano para apresentar o sucessor do tão aclamado Hissing Fauna, Are You The Destroyer? de 2007. E se não vem incluído um fato de lagosta gigante em esponja, consta que Skeletal Lamping vai poder ser passeado, vestido ou utilizado na decoração do habitat dos melómanos da geek pop.

sexta-feira, 15 de agosto de 2008

Da farsa do Olimpo

Depois da surpreendente abertura das Olimpíadas de Pequim, que tanto inebriou os mais vibrantes espíritos, cedo percebemos que, não obstante o brilhantismo e carácter exímio do evento, a superar de longe a cerimónia de Atenas, tudo mais não era que fachada. Desde os efeitos digitais, às ilegalidades da inclusão de atletas ginastas chinesas na competição, com idades inferiores às permitidas, parece que a mais chocante notícia foi a da 'pequena' que por ter os dentes tortos foi reputada de "bruxa-má-com-verruga-no-nariz", demasiado feia para a sua voz angelical, demasiado pouco perfeita para ser o símbolo de Pequim 08.
Por favor. Onde é que isto já se viu? Acho que nem os USA nos anos 30 desceram a manobras de "estirpe" tão reles para 'mundo ver'. Num dos eventos que mais tem marcado a História moderna pelo seu apelo ao mais puro humanismo e à união dos povos pela elevação humana mediante a força do corpo e o poder do espírito, a prova da clareza e da honestidade cai por terra de uma forma que, no mínimo, se pode dizer triste. Muito triste. Corrobora-se a tese de que em grandes momentos o que melhor se pode constatar é o cariz degradante a que a sociedade contemporânea chegou, preterindo a beleza artificial à limpidez e àquilo que de melhor existe no Homem. Nietzsche, parece que o teu super-homem chegou, mas nem um Anticristo de jeito trouxe para criar um nihil a sério. De entre os meandros da guerra política do Cáucaso, acho que mais grave que os conflitos pela autonomia das nações pulverizadas, está o baixo nível a que se chegou em prol de uma perfeição mecanizada aparente. E isto é coisa que, infelizmente, nem Agosto consegue apagar.
Acho que destes últimos tempos, a única coisa que por aí corre que deixe um laivo de jovialidade na cara de alguém são as vitórias do Phelps e ouvir dizer que uma das músicas de topo do Obama é o I'm on Fire. Obrigada Springsteen.

quarta-feira, 6 de agosto de 2008

Packing

Fazem-se as malas, mas com mais uma boa notícia antes de partir.


Aimee Mann
18 de Outubro, Coliseu dos Recreios