sábado, 5 de julho de 2008

Literatura = Química?

Em virtude das quentes discussões acerca dos exames nacionais de 12º e 9ºs anos de Português, apenas podemos dizer que a tentativa de 'positivizar' a língua e a literatura está a ganhar cada vez mais adeptos, estúpidos e ocos asnos que submissamente seguem a "asna" maior".
Lia-se no Público de ontem, num artigo de Maria Filomena Mónica (apesar dos amores ou desamores que a mesma suscite), o tipo de barbaridades patentes nos exames do presente ano. Choca-nos saber que a análise literária está a reduzir-se aos modelos de escolha múltipla, ao Verdadeiro/Falso, a estratégias claras de prescrever uma única e possível resposta correcta. Seria isto lógico, mas mesmo assim anti-demagógico, talvez numa disciplina das Ciências Exactas. O problema surge quando, armando-se em 'Comtes do século XXI' estes patronos escolares, subsumem a riqueza de um texto e do pensamento criativo dos alunos a um único campo interpretativo, o que nos faz pensar que estes indivíduos não querem ser asnos sózinhos, mas criar uma comunidade de burros com antolhos.
Ridículo é também substituir a análise literária de um excerto de uma obra, num exame de Português, por um texto propagandista, que só não parece retirado de um livro da 3ª classe de 1965, porque a apologia versa agora sobre a "nova pátria europeia". Eis o início de um dos textos presentes no exame de Português do 9ºano: "A União Europeia está empenhada no desenvolvimento sustentável. Para tal é necessário um equilíbrio cuidado entre a prosperidade económica, a justiça social e um ambiente saudável. De facto, quando visados em simultâneo, estes três objectivos podem reforçar-se mutuamente. As políticas que favorecem o ambiente podem ser benéficas para a inovação e competitividade. Por sua vez, estas impulsionam o crescimento económico, que é vital para atingir os objectivos sociais".
Propaganda e estupidificação são as novas palavras de ordem no ensino português, que descura a sensibilidade e a formação intelectual e cívica dos alunos, em favor dos rótulos, das avaliações de professores, dos 18s e 19s para inglês ver.
No fundo, e na superfície, isto é tudo uma choldra.
Oops... A senhora ministra não deve ter lido Os Maias.

6 comentários:

gr alt disse...

entao pah ke isso.... eu também não li os MAIAS... e a Lurdes Rodrigues é MAIOR, A MAIOR. (palhaça que anda aí).

Anónimo disse...

pois... eu vi-a a falar sobre os exames de matemática e estava claramente a atirar barro contra a parede a ver se colava. com o discurso de que como tinha havido melhor preparação os putos tinham achado o exame d matemática + fácil. yeah right...

por acaso nem sabia cm tinha sido o exame de português, fiquei a saber c o teu post.
olha, esperança nas próximas gerações: pouca ou nenhuma.

Anónimo disse...

Acredito que pela presença já tenham contado 2,5 valores... Assim, como quem não quer a coisa, vamos lá desancar nos profs, por um lado, e pôr os meninos brilhantes, por outro - tudo para agradar os "papis" que, apesar de não verem motivos em reelegê-los, precisam de ser mobilizados à força de um "o teu filho é esperto porque sabe fazer cruzinhas e escreve o menos possível, logo, não há nada a descontar".

Sorry, fala-se em Marilu e eu revolto-me claramente. Sim, porque acredito que agora com a so-called crise, muitos dos filhos já se tenham habituado a ajudar os respectivos progenitores nos jogos da Santa Casa...

Fora estas desavenças emocionais, continuo a ser uma pessoa dócil. =P


Greetings from Cat

s. disse...

quando menos souberem falar, menos saberam pensar. e há muita boa gente a quem agrada tal situação.

s. disse...

*saberão

(eu sou um exemplo vivo disso)

Anónimo disse...

Giro, giro, foi ouvir a Sra. Ministra da Educação dizer que o GAVE é uma entidade independente...