terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

Fragmentos de viagem



" Uma fronteira é um rio entre um país e o longe; eu já passei fronteiras que ficavam entre guitarra e noite, entre ternura e mágoa; o meu país é uma fronteira violado entre um pinheiro e a lua, entre silêncio e pedras”. "













" Amanhã não estaremos já neste lugar. Amanhã, a cidade não terá já o teu rosto
e a canção não virá cheia de ti escrever em cada árvore o teu nome verde.
Amanhã
outros passarão onde passámos
farão os mesmos gestos
dirão as mesmas palavras
dirão um nome baixo, um nome
loucamente
como quem sobre a morte é por instantes eterno."





São três da manhã, o rádio tem quarenta anos, lança uma luz vermelha, perscruta a noite, acompanha o meu gato.

Em bom comprimento de onda antigo, assinala agora o fim de transmissão de um posto búlgaro, ou libanês.
Fulminado. Desligo-o, vou-me deitar.

4 comentários:

j. disse...

gosto imenso dos contrastes! entre o negro e o [azul] avermelhado.
gosto de ver ninguém.

as imagens e os textos fizeram-me lembrar:
«... il passato del viaggiatore cambia a seconda del itinerario compiuto (...). Arrivando a ogni nuova città il viaggiatore ritrova un suo passato che non sapeva più d'avere: l'estraneità di ciò che non sei più o non possiedi più t'aspetta al varco nei luoghi estranei e non posseduti.»
Italo Calvino, "Le Città Invisibili"

(tenho algures a tradução. se a encontrar passo-a.)

j. disse...

«... o passado do viajante muda de acordo com o itinerário realizado (...). Chegando a qualquer nova cidade o viajante reencontra o seu passado que já não sabia que tinha: a estranheza do que já não somos ou não possuímos espera-nos ao caminho nos lugares estranhos e não possuídos.»

SpetzNatz disse...

as cidades invisíveis... livro de culto...

pegueitrinquei disse...

Adoro =)