domingo, 29 de junho de 2008

Meu amor é prostituto

Depois de uma conversa hilariante esta semana sobre o Herman Enciclopédia e sobre a "produção nacional", aqui fica a sequela 'Conspiração, Contrabando e Crime'.




quinta-feira, 26 de junho de 2008

Eu quero tudo distorcido

Misantropo, egocêntrico, arrogante, cínico, intelectual. O grande compositor da música pop dos últimos 10 anos e muito provavelmente dos que ainda aí vêm, traz a trupe hoje à Aula Magna, na apresentação do brand-new Distortion.

O indivíduo de figura pacata e tímida, mas que escreve linhas como "the cactus where your heart should be has lovely little flowers so though it's always pricking me, my ardor never sours" ou "'Caution: to prevent electric shock do not remove cover, no user-serviceable parts inside refer servicing to qualified service personnel' Let this be the epitaph for my heart".

O homossexual despudorado que diz coisas como "Tenho a certeza que todas as mulheres pensam e desejam isso: ter uma vida sexual melhor, sentirem-se desejadas, ter mais dinheiro. Aliás os homens também desejam ter bom sexo e ganhar mais dinheiro. Porque não combinar as duas coisas?"


segunda-feira, 23 de junho de 2008

domingo, 22 de junho de 2008

Twenty Four Hours

"Impressionou-me que todo o tempo livre de Ian [Curtis] fosse ocupado a ler ou a pensar no sofrimento humano. Sabia que ele andava à procura de inspiração para as suas canções, mas tudo isto estava a culminar numa pouco saudável obsessão com o sofrimento mental e físico. Quando tentei falar dele sobre isso, tive uma cara petrificada e nem uma palavra."

How I realised how I wanted time,
Put into perspective, tried so hard to find,
Just for one moment, thought I'd found my way
Destiny unfolded, I watched it slip away.

sábado, 21 de junho de 2008

Black Vocals

Hoje podia fazer uma resenha do blues, do old jazz e até do funk, mas julgo não ter calibre para falar desta senhora e do seu High Priestess of Soul (1966).

Indispensável em qualquer prateleira ou ipod que se preze.

Como Milles? Uma espécie de camaleão? Parece que sim. Mas a Nina Simone valem-lhe ainda estas tranversais temáticas poéticas.

Tanto diz :

Stay with me and let them see, let them know that you love me,

That you love me, if it's true who cares what they do?

Cause I don't need anyone but you.

Just you and me, we're gonna make it all alone.

Let them laugh at us, we're gonna build a world all our own,

Keep on then, keep on holdin on to me, they'll learn in time.

I really love you, so don't you pay em' no mind.

in Don't You Pay Them No Mind


Como isto:

I commited crime, Lord I needed,

Crime of being hungry and poor

I left the grocery store man breathing

When they caught me robbing his store

Hold it steady right there while I hit it

Well I reckon that ought to get it been working and working

But I still got so terribly far to go.

in Work Song, numa explícita crítica à exploração capitalista norte-americana.



sexta-feira, 20 de junho de 2008

Hoje vê-se

Porque não apeteceu sair de casa para ir ver o "Coeurs", a sessão é dupla, com:


e




Depois de uma semana abusiva, a sorte é haver a boa comédia e o terno melodrama norte-americanos.

domingo, 15 de junho de 2008

Do 'Festival' Depressivamente Extasiante


Með suð í eyrum við spilum endalaust que é como quem diz With a buzz in our ears we play endlessly - Sigur Rós

Gobbledigook
Inní mér syngur vitleysingur
Góðan daginn
Við spilum endalaust
Festival
Suð í eyrum
Ára bátur
Illgresi
Fljótavík
Straumnes
All Alright

terça-feira, 10 de junho de 2008

1234


Há três anos que quero ver esta senhora. Finalmente, amanhã.
The Park, a abrir? Tenho um feeling.
Para ajudar que a selecção ganhe e que a lady Leslie me ilumine para a porcaria do teste de Direito.

domingo, 8 de junho de 2008

Kiss

Scout Niblett, melancolicamente bela, numa parceria perfeita com Bonnie "Prince" Billy, em que os agudos assombram sob o fundo do dedilhado das guitarras e da batida compassada da bateria. O perfeito protótipo da mulher, crua e dolorosamente dilacerada pela solidão.

Oh darling let me dream
Cause somewhere inside me
I have been waiting
So patiently
For you


sábado, 7 de junho de 2008

Still ill ou da sanidade de espírito

A doença é muito provavelmente uma virtude. Sempre percebi que o olhar sobre o mundo é oscilante, mas, não obstante, sempre o pretendi, em última instância o mais humanisticamente real possível. No limbo entre o idealismo e o pragmatismo, entre a total elevação, e não raras vezes, pretensiosa alienação do mundo, e a descrença num sólido conjunto de princípios ético-morais, superiores à efemeridade, está efectivamente, e hoje digo-o sem dúvidas, a visão mais equilibrada, genuína, sã e humanística que um ser humano na sua vã existência pode ter.

Foi à luz de grandes pensadores que fui chegando, passo a passo trémulo, a esta conclusão. Desde o fascinante Sócrates, descalço e de simples trajes, sem saber ler nem escrever numa sociedade elitista, condenado à morte injustamente por "dar à luz" a capacidade de interrogação do outro, passando pelo próprio Cristo, que à revelia do culto em seu torno gerado, nos legou máximas de vida e algumas das mais belas parábolas conhecidas no mundo ocidental, e, por fim (the last, but not the least) a Modernidade, os teóricos das Luzes. Aqui, entre muitos outros, podemos relembrar Kant que à civilização deixou uma das mais belas e densas afirmações de que há memória na História: age apenas segundo uma máxima tal que possas querer ao mesmo tempo que se torne lei universal.

Ainda retomando a Antiguidade, o antídoto perfeito para a salvaguarda do espírito pode ser também ele encontrado em Séneca. Mais do que doutrinar ou manipular, ensinou o valor da prática do bem, da perenidade da boa, aceitável e matricial natureza humana e do compromisso do indivíduo com a humanidade e com a moral. Estava então em condições de afirmar que o laço mais forte a prender-te à prática da virtude é este: comprometeste-te a ser um homem de bem.

Compromisso este com os princípios, com os outros, mas sobretudo consigo mesmo. Foi e é este ainda o legado maior da filosofia, que mais do que teoria, que mais do que disciplina,se afigura sobretudo como modo de vida.

Hoje estou certa de que mais do que a pretensão de ser popular numa sociedade do show business como a nossa, em que um dia se está dentro e noutro fora, em que um dia se é amado, noutro odiado, o melhor é mesmo que, chegando ao abismo, se retome o fôlego e se aja, não hedonisticamente, mas, a partir do eu, se viva para o mundo.

Acho que, não ingenuamente, é isto que pretendo ser, e, retomando Wilde, só posso rematar dizendo que só compreendendo o que sou é que eu encontro algum conforto.

quinta-feira, 5 de junho de 2008

Still ill

Estou a Morrisseyzar-me e Oscar Wilderizar-me fortemente. Hoje percebo que não é mau de todo.

"Principiarei por dizer que me censuro deveras. Censuro-me, sim, enquanto aqui sentado nesta sela escura, infeliz e arruinado, com o meu fato de presidiário. Durante as noites angústia, inquietas, perturbadas, e durante os monótonos dias de sofrimento, é a mim próprio que me censuro. E censuro-me por ter aceitado uma amizade alheia à inteligência, cujo fim primordial não era a criação e contemplação de coisas belas e que acabou por dominar a minha vida. Logo desde o início se cavou um abismo fundo entre nós dois. Não compreendias que um artista, e em especial um artista como eu (isto é, cujo valor de trabalho dependia da intensificação da personalidade), requer para o desenvolvimento da sua arte a solidariedade de ideias, uma atmosfera intelectual, sossego, paz, solidão. Admiravas as minhas obras depois de concluídas. Regozijavas-te com o êxito brilhante das noites de estreia, com os esplendorosos banquetes que se seguiam. Tinhas orgulho, e era natural, de ser amigo íntimo de um artista tão notável. Mas nunca te compenetraste das condições necessárias para a produção das obras de arte. Não me sirvo de frases de retórica exagerada, mas emprego termos de pura sinceridade quando te recordo que, durante todo esse tempo em que andámos juntos, eu nunca escrevi uma simples linha. Fosse onde fosse, a minha vida, enquanto estiveste a meu lado, foi totalmente estéril, improdutiva. E tu, lastimo, tu estavas sempre a meu lado, com raríssimos intervalos".


She told me she loved me, which means, she must be insane
I've had my face dragged in, fifteen miles of shit,
And I do not, And I do not , And I do not like it
So how can anybody say,
They know how I feel,
The only one around here who is me,
Is me
They said they respect me, which means, their judgement is crazy
I've had my face dragged in, Fifteen miles of shit,
And I do not, And I do not, And I do not like it
So how can anybody say,
They know how I feel,
When they are they, And only I am I
He said he wants to befriend me, which means, he can't possibly know me
The voices of the real, and the imagined cry,
The future is passing you by,
The future is passing you by
So how can anybody possibly think they know how I feel,
Everybody look,
See pain,
And walk away.